De acordo com o IBGE, não houve resposta em mais de 8% dos domicílios em favelas de todo o país. Dificuldade que o instituto tenta resolver em uma parceria com a Central Única das Favelas e o Instituto Data Favela. Recenseadores e líderes comunitários fazem mutirão para ouvir moradores de favelas paro Censo
Começou neste sábado (25) um mutirão do IBGE, em parceria com líderes comunitários, nas favelas brasileiras. Os recenseadores vão ter a ajuda de moradores para buscar quem ainda não respondeu ao Censo.
Do que as comunidades do país precisam? Quantas pessoas vivem nelas? Quem são essas pessoas? São perguntas que o Censo Demográfico quer responder, mas ainda esbarra em uma série de desafios.
“Às vezes, está nos acessos. Às vezes, tem territórios que estão em briga. Essas dificuldades, a gente vai sanando indo em outros momentos, procurando as associações de moradores”, conta José Francisco Carvalho, superintendente estadual do IBGE-RJ.
“Qual é tamanho da população que vive nessas condições? É muito importante saber esse número. É um número importante para o Brasil, para a sociedade e, especialmente, para quem mora nas comunidades”, afirma Maria Lúcia Vieira, diretora-adjunta de Pesquisas do IBGE.
De acordo com o IBGE, não houve resposta em mais de 8% dos domicílios em favelas de todo o país. Dificuldade que o instituto tenta resolver em uma parceria com a Central Única das Favelas e o Instituto Data Favela.
Para que todos os domicílios das comunidades sejam visitados, os próprios moradores vão dar auxílio aos recenseadores. A ideia é usar pessoas que conhecem bem essas áreas para indicar melhores rotas, locais de moradia. Uma força tarefa que vai acontecer em todo o país.
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Neste sábado (25), ações para conscientizar a população em comunidades aconteceram em seis estados. Em São Paulo, o mutirão foi em Heliópolis.
“Esse dado que o IBGE colhe – de quem somos, quantos somos, como vivemos – faz com que nós possamos colocar o pouco dinheiro público que temos no lugar certo”, afirma a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.
No Rio de Janeiro, o Complexo da Penha, na Zona Norte, também uniu líderes comunitários e recenseadores.
“Essa parceria é importante. Conhecer a área é fundamental, porque você também conhece na verdade o modo como a comunidade se move, os hábitos, os horários, qual é o melhor horário de abordar”, explica a recenseadora Lilian Porto.
“Este é o nosso objetivo: encontrar essas pessoas e garantir que essas informações estejam atualizadas e corretas, para a gente ter novas políticas públicas que desenvolvam esses locais”, afirma Marcos Vinicius Athaide, coordenador da Cufa e do Instituto Data Favela.
Moradora do Complexo da Penha há mais de 50 anos, Márcia Santos se prontificou a ajudar. Está disposta a andar pelas ruas da comunidade convencendo quem ainda não respondeu ao Censo.
“Muitas pessoas precisam ser alcançadas, e a gente está querendo dar esse suporte para conhecer a real necessidade da comunidade. A comunidade precisa desse acesso”, diz a moradora Márcia Santos.