Catorze parâmetros estão sendo observados, como, por exemplo, níveis de oxigênio e presença de substâncias químicas. Pesquisadores querem saber como está a qualidade da água no Pantanal de Mato Grosso do Sul
No Pantanal de Mato Grosso do Sul, pesquisadores querem saber como está a qualidade da água no bioma.
Os rios que abastecem cidades são os mesmos que oferecem sustento a comunidades ribeirinhas.
“Poucos que têm estudo para sair para fora para trabalhar. Então, depende da pesca. A maior parte depende da pesca”, conta o guia de pesca Antônio Jorge Samuel.
Água que garante vida e promove o turismo.
“Ela movimenta a economia. Ela dá força para região. Até mesmo porque água é vida”, diz o autônomo Gilmar Oriozola.
Pela importância que tem para o bioma, rios do Pantanal de Mato Grosso do Sul, como o Miranda, passaram a ser monitorados. Pesquisadores que atuam na conservação estão avaliando a qualidade dessas águas. Catorze parâmetros estão sendo observados, como, por exemplo, níveis de oxigênio e presença de substâncias químicas.
Os testes rápidos têm sido aplicados no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Tanto no Rio Miranda quanto no Aquidauana, três resultados preocuparam.
“O nitrato e fosfato, que por se tratar de uma região rural, remota, indica probabilidade alta da presença de químicos na água, como defensivos e fertilizantes, utilizados na agricultura. E, também, a baixa concentração de oxigênio. Esses resultados se observam similares em outras regiões do Pantanal do seu entorno. Inclusive a presença de coliformes fecais, também, nessas áreas”, afirma Leonardo Gomes, diretor do SOS Pantanal.
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“Os animais e as pessoas que dependem desses alimentos do rio também são prejudicados diretamente. Então, diminui não só a quantidade, mas também a qualidade”, explica Gustavo Figueiroa, biólogo do SOS Pantanal.
Mas o trabalho dos pesquisadores não se limita a testes de amostragem. Para reunir o máximo de informações, eles conversam com quem mais entende de Pantanal: os moradores.
“Antes, nós fazíamos tudo no rio: lavava roupa, pegava água para cozinhar, a gente tomava banho no rio. Mas, hoje, não dá mais”, conta a cozinheira Luzia Almeida Ricardo.
“A nossa fonte era peixe, pescaria, era turismo. Acabou tudo. Hoje, nem turista vem mais porque não tem peixe”, diz Joel de Deus Ricardo, auxiliar de serviços gerais.
O trabalho vai durar um ano.
“Esses indicadores são importantes para que a gente possa pensar estratégias. Construção de pesquisas científicas mais aprofundadas. E, também, para a proposição de políticas públicas que possam trazer benefícios para comunidade”, explica Cristiane Dambros, pesquisadora da UEMS.
“A gente já está atrasado no sentido de sistematizar e começar a coletar dados que informem políticas públicas. A gente tem visto os sintomas de muitas doenças que estão afetando o bioma, mas ainda tem falhado em tratá-los na sua origem, na sua raiz”, diz Luciana Leite, coordenadora-geral da Chalana Esperança.