Pelo segundo dia seguido, escolas ficam fechadas e mais de 1,8 mil estudantes do Complexo do Salgueiro ficam sem aulas

Prefeitura de São Gonçalo e Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro afirmaram que medida tem como objetivo garantir a segurança de estudantes e funcionários. Polícia afirma que 13 mortos e dois feridos na ação no Complexo do Salgueiro são criminosos
As escolas do Complexo do Salgueiro ficaram fechadas nesta sexta-feira (24) por medida de segurança. Pelo menos 1,8 mil alunos da rede municipal foram afetados. Outras duas escolas estaduais também não abriram as portas, mas a Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro não divulgou o número de estudantes afetados.
A Prefeitura de São Gonçalo afirmou que a decisão pelo fechamento têm como objetivo garantir a integridade física dos estudantes e profissionais de educação.
A Secretaria Estadual de Educação destacou que as unidades possuem autonomia para tomar as providências para proteger os alunos e que garantir a segurança é prioridade.
Outras seis unidades de saúde também foram fechadas.
Não houve operação nesta sexta. A ação que aconteceu na quinta (23) no conjunto de favelas terminou com 13 mortos, 4 feridos e a apreensão de 13 fuzis. De acordo com a polícia, todos os mortos eram criminosos. Entre eles está Leo 41, apontado como chefe do tráfico no Pará. A identificação das outras pessoas que morreram não foi divulgada.
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“Quer mamãe, titia, mamãe!”, suplicou uma aluna da Escola Municipal Marcílio Dias ao ouvir disparos. “Abaixa, abaixa!”, respondeu a professora.
Pelo menos 100 alunos precisaram ficar além do horário por causa dos confrontos entre forças de segurança e traficantes.
Na manhã desta sexta na Avenida Trindade, um dos acessos ao Complexo do Salgueiro, o comércio e empresas abriram as portas e os moradores circulavam normalmente.
Medo
Veículo blindado em operação no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na quinta-feira (23)
Reprodução
Mesmo com a aparente normalidade, os moradores têm medo de falar por temer represálias de criminosos. Ainda assim contaram que estão sem acesso a transporte por causa das barricadas colocadas nas ruas para impedir o avanço dos policiais. Eles têm que andar pelo menos três quilômetros para conseguir uma condução.
“Aqui é a lei do silêncio, como em qualquer comunidade. Não posso falar mais nada. Onde moro, somos cercados deles”, afirmou um morador por mensagem.
Outro desabafou:
“Não dá para falar no momento, desculpe. Aqui, estamos cercados. Paredes e matos têm ouvidos e olhos”, ressaltou.
Feridos
Entre os 4 feridos da operação nas comunidades, duas moradoras, de 53 e 62 anos, foram atingidas por estilhaços e socorridas no Hospital Estadual Alberto Torres. As duas tiveram alta.
Outros dois homens, também feridos, acabaram presos. De acordo com os policiais, um deles tentou se passar por um morador ferido quando deu entrada na unidade de saúde.
Os agentes afirmam que Felipe Marques da Silva, de 38 anos, deu entrada no Hospital Estadual Alberto Torres. Agentes afirmam que ele se passou por um morador do Complexo do Salgueiro que não teria nada a ver com a criminalidade. Porém, a polícia diz que havia um mandado de prisão por associação ao tráfico em aberto.
Felipe está internado sob custódia. Ele passou por uma cirurgia e teve o pé amputado.
Eduardo Lisboa Fonseca foi ferido na cabeça e não chegou a ficar internado. Ele foi levado para a Cidade da Polícia usando uma roupa camuflada. De acordo com os agentes, ele estava foragido do Estado do Pará.
Segundo o Instituto Fogo Cruzado, de janeiro ao início de março deste ano, foram 13 mortes por bala perdida e 31 pessoas feridas na Região Metropolitana do Rio. O aumento é de 160% no número de mortos e de 106% no número de feridos em comparação com o mesmo período do ano passado.
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Reprodução/ TV Globo

24/03/2023 16:49

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