Oscar 2023: Documentário sobre aves está entre os indicados

Espécie estrela do filme tem um único registro feito no Brasil; demais “parentes” também poderiam ser personagem de filme. A estrela do documentário ecológico é uma ave de rapina conhecida como milhafre-preto.
Divulgação HBO Max
Com a velocidade das mudanças climáticas, plantas, animais e pássaros enfrentam dificuldades para se adaptar ou até mesmo, migrar para outros lugares. Sem condições de manter-se em seu habitat natural, essa situação resulta no desaparecimento de espécie. Este é o enredo presente em “All that breathes” (Tudo que respira) da HBO Max que concorre ao Oscar na categoria de Melhor Documentário no dia 12 de março.
A estrela do documentário ecológico é uma ave de rapina conhecida como milhafre-preto, encontrado na África, Europa, Ásia, Médio Oriente e Austrália. A história conta a luta de dois irmãos e um amigo para salvar estes pássaros, em um registro de como a poluição e degradação ambiental, afetam o ecossistema da espécie. Ambientados na cidade de Nova Déli, na Índia, se referem ao fenômeno climático da região como “aves caindo do céu”.
Cientes das tensões socioculturais que afetam diretamente o milhafre-preto, decidem criar a clínica “Wildlife Rescue” em 2010. Desde então, fornecem tratamento médico e reabilitação para cerca de 2.500 aves de rapina e aves aquáticas doentes, feridas e órfãs a cada ano.
O Milhafre-preto
No Brasil a ocorrência do milhafre-preto é conhecida por apenas um único registro.
Ivijayanand / iNaturalist
De médio porte, o milhafre-preto mede 44-56 cm de comprimento e alimenta-se de lagartos, pequenos mamíferos, aves e insetos.
Normalmente esta espécie constrói seus ninhos no alto de árvores, penhascos ou até em sacadas de prédios e postes de eletricidade.
No Brasil ele é uma espécie chamada “vagante”, tendo uma única ocorrência registrada: um indivíduo, que provavelmente se perdeu durante a migração da espécie entre a Europa e a África, foi observado no Arquipélago de São Pedro e São Paulo em maio de 2014. Embora distante mais de mil quilômetros do continente, o arquipélago é parte do território brasileiro.
Entre as cerca de 50 espécies de aves de rapina brasileiras temos algumas que pertencem ao mesmo grupo do milhafre-preto. São como parentes distantes que compõem um grupo do qual fazem parte, por exemplo, sovi, o gavião-pernilongo, o gavião-caramujeiro, o gavião-belo, o gavião-urubu e a águia-serrana.
Parentes próximos
Esse grupo de aves é composto por uma grande variedade de rapinantes, que inclusive possuem uma expectativa de vida muito elevada, vivendo em média de 15 a 30 anos na natureza.
Uma das espécies que compõe esse grupo é o gavião-carijó.
Pablo Souza
Uma das espécies que compõe esse grupo é o gavião-carijó que não está no documentário, mas que tem uma história que daria um filme. Ele está em uma das fotos mais populares do Wikiaves e uma das reportagens mais lidas no site do Terra da Gente. Na verdade, ele não é bem o protagonista já que o registro mostra uma predação, quando ele foi caçado por uma jiboia. A foto teve na época da publicação mais de 60 mil acessos.
Outras espécies do mesmo grupo:
Na imagem temos algumas espécies do mesmo grupo dos milhafres-pretos, sendo eles respectivamente: sovi, gavião-pernilongo, gavião-caramujeiro, gavião-belo, gavião-urubu e águia-serrana.
Rudimar Narciso Cipriani, Arquivo TG, Eulâmpio Vianna Neto – TG, Carlos Alberto Coutinho, Hope / Pinterest, Willian Frank / Pinterest
Sovi (Ictinia plúmbea)
O gavião-sauveiro ou sovi, vive nas bordas de florestas e campos e pode ser visto sobrevoando queimadas para caçar. Alimenta-se de formigas, cupins e outros insetos, os quais capturam com os pés e comem ainda durante o voo.
É migratório do Pantanal, sul e sudeste do Brasil, com uma população residente na Amazônia. A espécie é agressiva e territorial contra outros gaviões que passam próximo ao ninho e neste período, emite um assobio fino e curo, parecendo ao de um passarinho.
Gavião-pernilongo (Geranospiza caerulescens)
Conhecido como tinhé-cinza, gavião-roxo, gavião-de-perna-roxa ou gavião-pernilonga, alimenta-se de morcegos em seus dormitórios diurnos, lagartos, lagartixas, iguanas, sapos, cobras e outros mamíferos que ficam em ocos de árvores.
Sua reprodução acontece em árvores alvas, onde constroem um ninho denso de gravetos e ramos finos, põe cerca de dois ovos, com um período de incubação de 35 dias, em média. Ocorrem deste o México até a Argentina e Uruguai, incluindo todo o Brasil.
Gavião-caramujeiro (Rostrhamus sociabilis)
O gavião-caramujeiro é parcialmente migratório, e em algumas regiões do Brasil costuma migrar em resposta às mudanças climáticas e disponibilidade de alimentos. Sua alimentação é composta quase exclusivamente por grandes caramujos aquáticos chamados aruás.
Ocorrem em todas as regiões brasileiras onde haja pantanais e alagados, também sendo encontrado nos Estados Unidos (Flórida) e México até a Argentina e Uruguai.
Gavião-belo (Busarellus nigricollis)
A ave é localmente comum em beiras de lagos, pântanos, campos inundados e manguezais e ocorre em quase todo o Brasil e também do México à Argentina. Alimenta-se de insetos, caramujos e principalmente peixes, os quais capturam em águas rasas próximas à borda.
O casal da espécie constrói o ninho juntos, em formato de plataforma. A fêmea coloca um ou dois ovos e o período de incubação dura entre 35 e 40 dias.
Gavião-urubu (Buteo albonotatus)
O gavião-urubu habita preferencialmente áreas abertas e sobrevoa bordas de matas e florestas e segundo a lista vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais) a espécie é ameaçada pela destruição dos campos naturais e cerrados.
Sua alimentação é composta principalmente de aves e mamíferos, e ocorre nos Estados Unidos, México, América Central e do Sul.
Águia-serrana (Geranoaetus melanoleucus)
A ave possui um voo poderoso e veloz e é dotada grandes olhos, que auxiliam na caça às suas presas preferenciais, sendo elas outras aves, cobras e até mesmo pequenos mamíferos.
Ocorre das Cordilheiras dos Andes até o sul da Argentina, e habitam áreas abertas, campos e regiões montanhosas.
*Texto sob supervisão de Lizzy Arruda.

10/03/2023 12:55

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