Caso ocorreu no fim de fevereiro em estabelecimento da zona Sul. Segundo a vítima, cliente disse que ela não tinha perfil para ocupar gerência por ser negra. Gerente de padaria diz ter sido vítima de racismo por parte de cliente em Ribeirão Preto
O Ministério Público denunciou nesta segunda-feira (13) o advogado Rafael Beutler Marconato por injúria racial contra a gerente de uma padaria no Jardim Irajá, Zona Sul de Ribeirão Preto (SP).
O caso aconteceu no final de fevereiro. A gerente Alessandra Silva Bissera, de 37 anos, diz ter sido vítima de racismo praticado pelo advogado, que é cliente da padaria onde ela trabalha.
À Polícia Civil, Alessandra disse ter ouvido do advogado que ela não tinha perfil para ser gerente do estabelecimento por ser negra.
O promotor Luiz Henrique Paccini, responsável pelo caso, disse que aguarda o posicionamento da Justiça se aceita ou não a denúncia.
Ao g1, Marconato disse que está tranquilo quanto à denúncia e que acredita que a verdade virá à tona durante o processo. Ele voltou a negar qualquer tipo de ofensa discriminatória contra Alessandra e disse que a gerente age de má-fé.
“Nenhuma palavra de cunho discriminatório/racista foi proferida à indigitada vítima, que desvirtuou a realidade, atuando com extrema má-fé visando obter vantagem ilícita e para tanto busca a atenção da mídia para fomentar as suas pretensões financeiras às espessas de um terceiro que nunca se envolveu em qualquer tipo de conflito, confusão, tendo um histórico de vida íntegro que revela os seus valores, suas crenças e seu caráter pautado no respeito às pessoas e tolerância à diversidade na acepção mais ampla do termo.”
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A gerente de padaria Alessandra Silva Bissera diz ter sido vítima de racismo em Ribeirão Preto, SP
Chico Escolano/EPTV
Denúncia
O advogado teria cometido a injúria depois que a funcionária se recusou a trocar a embalagem com o feijão que havia vazado no carro dele. Segundo a gerente da padaria, Marconato também arremessou a marmita contra ela. O vídeo das câmeras de segurança do estabelecimento mostra o momento.
“Ele questionou que não queria falar comigo, que queria falar com o gerente. No caso eu me apresentei como a gerente e ele falou que eu não tinha perfil de gerente, que a minha raça não tinha perfil para gerente. Foi a hora que eu chamei os meninos para colocar ele para fora. Quando ele estava saindo, ele jogou o feijão na minha pessoa”, disse Alessandra.
Imagens do lado de fora mostram quando advogado joga feijão na gerente de padaria em Ribeirão Preto, SP; do outro lado, a reação da funcionária ao ser atingida pela vasilha com comida
Câmeras de segurança/Reprodução
Advogado diz que foi ofendido
Apesar de confirmar ter jogado a embalagem com a comida, o advogado afirmou que em nenhum momento usou qualquer expressão racista contra a gerente.
“Não tem nenhuma coerência, nada do que ela afirma é verdade. Eu não usei nenhuma palavra de cunho racista, não falei nada sobre a cor da pele dela, não desmereci o posto que ela ocupava de gerente, não duvidei que ela era gerente”, afirmou, em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo.
O advogado Rafael Marconato, de Ribeirão Preto (SP)
Valdinei Malaguti/EPTV
Marconato disse que a gerente se dirigiu a ele de forma ríspida e que ele pediu para falar com um superior hierárquico, no caso algum proprietário do estabelecimento. Ao insistir mais uma vez na troca ou na devolução do produto, foi recebido com falas homofóbicas por parte da gerente da padaria.
Ele registrou um boletim de ocorrência por injúria contra Alessandra.
A gerente da padaria prestou depoimento no âmbito da investigação por injúria racial e negou ter usado termos homofóbicos contra o advogado.
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