Morre homem atingido por bala perdida em Manguinhos; vítima saía do trabalho quando foi baleada

Família de Ivan Correa dos Santos afirma que ele foi confundido com bandidos e baleado por policiais do Bope. Ele passou 12 dias em estado grave no hospital. Dono de lava-jato é vítima de bala perdida em Manguinhos; familiares dizem que o estado é grave
Reprodução/TV Globo
Um dos homens baleados no dia 28 de fevereiro em um tiroteio na comunidade de Manguinhos, na Zona Norte do Rio, morreu neste domingo (12). Ivan Correa dos Santos, de 55 anos, ficou internado no Hospital Municipal Souza Aguiar por 12 dias em estado grave depois de ser atingido por uma bala perdida.
Na mesma ocasião, o gesseiro Benedito da Silva, de 39 anos, também foi baleado. Ele morreu na última quarta-feira (8) depois de um agravo no seu quadro de saúde.
Segundo testemunhas, as duas vítimas estavam trabalhando quando foram atingidos. Ivan era dono de um lava-jato e estava fechando o estabelecimento por causa do tiroteio.
A família de Ivan diz que ele foi baleado por policiais que o confundiram com bandidos.
“Eles viram que meu pai era idoso, gente de bem, nunca teve envolvimento com nada”, relata Iverton Gomes dos Santos, filho de Ivan.
“Ele estava fechando o lava-jato, o Bope já chegou atirando dizendo que viu gente armada. Tinha criança, gente de idade. Foi quando meu pai foi atingido, os bandidos de verdade conseguiram ir embora. Depois os policiais disseram que o tiro não era para acertar ele”, relembra o filho.
Relembre o caso
Segundo os policiais envolvidos no tiroteio, eles estavam se deslocando pela Rua Leopoldo Bulhões quando foram atacados a tiros. Eles ajudaram a socorrer Ivan Correa para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, e encaminharam os familiares para registrar a ocorrência na 21ª DP (Bonsucesso).
Um vídeo de uma moradora relata que os policiais teriam demorado a deixar socorrer Ivan. O filho afirma que ele chegou a ser agredido.
“Eles ainda ficaram chutando meu pai, achando que ele era bandido, depois que foram ver e falaram que ele não era. Os bandidos de verdade fugiram”, lamenta o filho.
Família afirma que homem chegou a ser agredido pelos policiais
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No período em que ele esteve internado, a família disse que sofreu negligências.
“A gente virou a madrugada aqui. Estamos desde ontem e ninguém deu assistência. Ninguém falou com a gente até agora. Os policiais também não vieram não falaram mais nada. O que a gente espera agora é justiça porque meu sogro não tem condições. O único meio de trabalho dele era o lava-jato”, conta a nora Luana Conceição.
Questionada, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que a família está sendo acolhida e que a direção da unidade está à disposição para quaisquer esclarecimentos.
A sogra da vítima pediu respeito com os moradores da comunidade.
“Ficamos muito desesperados porque ele é trabalhador, tem problema de saúde. Eles têm que saber entrar na favela porque na favela tem muito trabalhador, muito inocente, tem criança. Já entra atirando, a gente já não tá aguentando mais isso”, reclama a dona de casa Vera Lúcia Gomes.