Filme leva sotaque, costumes e cenário da periferia de Curitiba às telonas. Foto da estreia de ‘Coração Neon’ em Curitiba
Divulgação
O longametragem “Coração de Neon”, do curitibano Lucas Estevan Soares, de 32 anos, começa a ser exibido em 150 salas de cinema pelo país nesta quinta-feira (9).
Ele escreveu, dirigiu, atuou e até cantou na trilha sonora do próprio filme. Foram 15 anos trabalhando com audiovisual, em curtas metragens e publicidade, mirando o sonho do cinema.
“Coração de Neon” começou como uma fixação bem particular do criador do filme. “Começa como uma ideia lá em 2014. Sempre quis trabalhar um carro de mensagem de amor dentro de uma narrativa. É um elemento curioso, é uma surpresa, nunca se sabe o que vai acontecer quando ele aparece. Então, eu imaginei uma perseguição policial a um carro de mensagem. A partir disso, as coisas começaram a acontecer”, conta Lucas.
Na trama, o carro é apelidado de “Boquelove”, em alusão ao bairro curitibano do Boqueirão, e é o objeto de trabalho de pai e filho. Lau e Fernando, interpretado pelo próprio diretor, dirigem pelas ruas da periferia de Curitiba entregando mensagens de amor. O que começa como comédia romântica, rapidamente, muda de rumo por causa de uma tragédia.
A realização de “Coração de Neon” é da IHC, a International House of Cinema, criada pelo próprio Lucas e a esposa Rhaissa Gonçalves, que também é produtora-executiva do longa.
Boqueirão nas telonas
“Tudo acontece no bairro. Os personagens moram no bairro, as locações do filme são em locais de amigos de infância, as ruas são as ruas em que eu passei parte da minha infância e adolescência”, diz Lucas.
Ele fala do bairro de origem, um dos maiores da capital paranaense, que ele fez questão de inserir no filme. Por orgulho e por necessidade. “É uma cidade que, geralmente, é conhecida pelo cartão postal, pelos parques, pelos pontos turísticos e a realidade da cidade não é bem essa. Poder retratar esse bairro dentro de um filme é interessante porque levanta o questionamento e apresenta a verdadeira cidade. Sem fugir dos costumes, sem fugir da cultura do bairro, sem fugir nada do sotaque.”
Envolvido até o pescoço em cada aspecto do filme, Lucas reconhece: “Joguei em muitas posições, mas sempre faço questão de salientar que não se faz filmes sozinho”.
“O cinema de guerrilha é o cinema dos verdadeiros apaixonados e sonhadores. Quando você não tem recurso sobrando, faz tudo na raça, ganhando muito menos, improvisando, equipe enxuta, criatividade a mil. Não é fácil. Mas eu não quero esperar pelo cenário ideal, pelo rolê perfeito pra fazer as coisas. Quero muito mostrar meu trabalho”, destacou.
Até a estreia no circuito comercial, “Coração de Neon” passou por festivais nos Estados Unidos, na Ásia, na Europa e na América Latina.
Serviço
Onde: Cine Marquise e salas das redes Cinemark, Cinesystem e UCI;
Quando: a partir de 9 de março