Rodrigo Schmidt Garcia, 52 anos, foi preso por estupro de vulnerável em Canoas, na Região Metropolitana. O técnico já havia sido condenado em 2016 a 15 anos de reclusão em regime fechado. Polícia investiga novas denúncias contra ex-técnico de vôlei em Porto Alegre
Mais três mulheres denunciaram o ex-técnico de vôlei Rodrigo Schmidt Garcia à polícia. Elas eram crianças ou adolescentes quando foram abusadas por ele no clube onde jogavam, em Porto Alegre. Rodrigo já havia sido condenado em 2016 a 15 anos de reclusão em regime fechado e foi preso na sexta-feira (3) em Canoas, na Região Metropolitana, por estupro de vulnerável. Há pelo menos cinco ocorrências contra ele.
O advogado de Garcia diz que ele só vai se manifestar em juízo.
DEPOIMENTO: ‘ele é um monstro’, diz vítima
Técnico teria abusado de pelo menos cinco meninas
De acordo com a polícia, os abusos teriam acontecido contra meninas com idades de 11 a 13 anos. As crianças eram alunas dele em um clube de Porto Alegre. Os casos teriam acontecido entre 2012 e 2014. A tendência é que o número de vítimas seja ainda maior, conforme a polícia. As três novas denúncias foram feitas após a prisão de Garcia.
Uma das vítimas que prestaram queixa na 15ª Delegacia de Polícia, em Porto Alegre, conversou nesta segunda-feira (13) com a RBS TV. Ela fez a denúncia na sexta-feira (10).
“Ele iniciou tocando no meu seio, fazia uma brincadeira chamada ‘pic’, e eu, criança, não imaginava que o ‘pic’ seria levantar minha blusa, tocar no meu seio e apertar meu mamilo”, conta a ex-jogadora, que diz ter sofrido abusos entre 2003 e 2007.
A Polícia Civil do RS marcou para esta semana o depoimento dos representantes dos clubes em que o treinador trabalhou além da Federação Gaúcha de Vôlei. O crime de estupro de vulnerável prescreve vinte anos depois da vítima ter completado 18 anos. Assim, o técnico pode ser responsabilizado pelos casos que estão sendo revelados agora.
“A polícia espera concluir este inquérito dentro de 30 dias. O delegado responsável pelo caso avalia que já existem indícios suficientes para responsabilizar o suspeito pelo crime de estupro de vulnerável”, diz o delegado César Carrion, titular da 15ª DP.
Nos anos 2000, Rodrigo Garcia era um dos treinadores de vôlei feminino mais respeitados do RS. Ele chegou a levar a Seleção Gaúcha ao título brasileiro na categoria infanto-juvenil, até que foi expulso da Federação Gaúcha de Vôlei.
“A federação gaúcha sempre soube, e acho que é muito importante a gente colocar alguns pingos nos “is”, porque a federação, em 2000, quando ele foi campeão brasileiro, convidou ele para se retirar da seleção gaúcha. E nessa ocasião, quando ele foi retirado mesmo campeão brasileiro, todos sabiam da denúncia e o motivo do convite a se retirar”, conta uma das vítimas, que prefere não se identificar.
A vítima denuncia que a direção do Clube Geraldo Santana também sabia. A direção do Clube Geraldo Santana disse que, assim que tomou conhecimento das denúncias, afastou o técnico. A Federação Gaúcha de Vôlei disse que afastou Rodrigo quando soube das denúncias e jamais se omitiu.
“Nós temos também, eu e as outras vítimas que nós temos contato, convicção que sim, porque em 2003 surgiu esse boato lá no clube, que ele tinha sido o abusador de uma menina na selação gaúcha no ano 2000. E um familiar, um pai específico, foi até a diretoria do clube ter uma conversa com eles e eles nada fizeram. Os anos se passaram e inclusive o clube passou ele de locatário do espaço para contratado”, conta a vítima.
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Arquivo Pessoal
Nome falso
Rodrigo Schmidt Garcia havia fugido para a Espanha, mas chegou a ser preso por seis meses. Graças a um habeas corpus, ele conseguiu a liberdade e voltou para o Brasil.
Em Canoas, onde morava, o homem se apresentava para a vizinhança com um nome falso. O local foi monitorado por policiais da 15ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre.
A confirmação de que o foragido morava no local veio após a análise de anotações que estavam em um saco de lixo em frente a residência. Em um pedaço de papel havia as iniciais de quem naquele dia estava jogando baralho e uma nota fiscal.
”Nós estamos à disposição, aguardando que essas vítimas, que na época eram menores, venham. Procurem qualquer delegacia aqui de Porto Alegre, Delegacia da Mulher ou a 15ª DP, que será dado o encaminhamento correto para que esse cidadão permaneça o máximo tempo preso, porque é o que ele merece”, afirma o delegado César Carrion.
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