Livro que recupera documentos inéditos da escravidão é lançado no Sesc Araraquara

Obra “A História Comprovada: fatos reais e as dores da escravização araraquarense” é um projeto do Centro Afro e da OAB, que contém escrituras digitalizadas após mais de 130 anos. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Araraquara (SP) e o Centro de Referência Afro “Mestre Jorge” lançam, na noite desta sexta-feira (24), o livro “A História Comprovada: fatos reais e as dores da escravização araraquarense”, que resgata uma parte importante da época da escravidão na cidade.
A obra recupera mais de 500 páginas de escrituras de compra e venda de escravizados em Araraquara no final do século 19, entre 1870 e 1887, que estavam arquivadas em um cartório da cidade.
A publicação também traz transcrições de documentos manuscritos à época e conta com prefácios de instituições e pessoas engajadas com o combate ao racismo.
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O EPTV1, em parceria com o g1, produziu a série de reportagens ‘A História Comprovada’, que fala sobre esses documentos inéditos, que deveriam ter sido queimados em 1890, a pedido do então ministro da fazenda Rui Barbosa. (veja abaixo todas as reportagens). O livro é vendido no site da editora Rima.
Livro traz registros de compra e venda de escravos entre os anos de 1870 e 1887 em Araraquara
Reprodução
Os documentos exibidos no livro, alguns com mais de 150 anos, têm grande valor histórico, sobretudo porque em 1890 – dois anos após a assinatura da Lei Áurea (extinção da escravidão) – um despacho do então ministro da Fazenda, Ruy Barbosa, ordenou a destruição de todos os registros de cartório sobre compra e venda de escravos no Brasil, incluindo livros de matrícula, controles aduaneiros e registros de tributos.
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Escrituras de compra e venda de escravos em Araraquara são encontrados em cartório da cidade
Reprodução EPTV
A coordenadora de Políticas Étnico-Raciais de Araraquara, Alessandra Laurindo, diz que o livro é importante não só para Araraquara, mas para todos que estudam esse período da história.
“É uma oportunidade ímpar para que historiadores, pesquisadores e principalmente a população negra se inteire ainda mais de como se deu um dos crimes mais perversos e desumanos que perdurou por 388 anos em nosso país”, explicou Alessandra.
Para o presidente da OAB Araraquara, Felipe Oliveira, a obra ‘retira uma cobertura’ que permaneceu sobre essas escrituras de compra e venda por mais de um século.
“São mais que documentos históricos que permitem o estudo do período da escravidão: a divulgação ampla do conteúdo das escrituras permite a muitas pessoas conhecerem o seu passado e de suas famílias. As linhas manuscritas causam comoção em quem as lê, pois materializam o tratamento de uma pessoa como uma coisa, sem direito a usufruir sequer da própria liberdade, algo impensável nos dias atuais. Estudando e conhecendo a história, evitamos que graves erros e injustiças se repitam”, afirmou.
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24/03/2023 21:18

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