Projeto quer chamar a atenção para a importância de preservar o Cerrado. A ideia é criar espaços para que os visitantes possam saber mais sobre o segundo maior bioma do Brasil. Instituto Inhotim apresenta exposição sobre o Cerrado
O maior museu de arte contemporânea do país apresenta aos visitantes uma exposição com foco na preservação e pesquisa do Cerrado.
Um cantinho raro: encontro de Mata Atlântica e Cerrado, separados apenas por grãos de terra, e pertinho dos olhos e das mãos da jornalista Flávia Alemi. Ela veio de São Paulo com o namorado e ficou encantada quando soube que um dos maiores museus a céu aberto do mundo, o Inhotim, recriou pedacinhos do Cerrado.
“Ver uma iniciativa dessas para resgatar toda essa biodiversidade que a gente sabe que o Cerrado tem é fantástico, sensacional”, elogia Flávia.
“É uma ótima forma de mostrar, assim, o valor da biodiversidade brasileira, da arte brasileira e dos biomas brasileiros”, afirma o jornalista Fernando Otto.
A assistente de curadoria botânica Bárbara Sales está envolvida no trabalho de coração. Para ela, é missão explicar que o Cerrado vai muito além de campos rasteiros e árvores sinuosas.
“O nosso desejo curatorial foi trazer o máximo de plantas, para apresentar essa diversidade que o Cerrado tem em suas mais amplas fitofisionomias. Desde plantas bem pequenas, que ocorrem naturalmente em campos rupestres, em lugares altos, até o pequi, que é uma árvore bem emblemática do Cerrado, alguma palmeira”, enumera.
As ações querem chamar a atenção para a importância de preservar o Cerrado. A ideia é criar espaços para que os visitantes possam saber mais sobre o segundo maior bioma do Brasil.
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Juliano Borin, curador botânico do Inhotim, conta que tudo foi pensado para que as pessoas consigam ter uma experiência de contato, de se envolver com a vegetação:
“Tem lugares que a gente diminuiu canteiros, para cadeirantes poderem ter acesso às plantas, para crianças também poderem sentir a textura das plantas, né? Nós fizemos audioguias, com QR Code, então as pessoas que têm alguma dificuldade de leitura podem usar o celular e vai ter um audioguia explicando aquelas informações para as pessoas. É um campo mais aberto, ensolarado e com muitas gramíneas que dançam com o vento”.
O dinheiro usado para fazer as exposições e preservação veio de empresas que provocaram danos ao meio ambiente e foram obrigadas a oferecer uma compensação à natureza.
“O Cerrado carece de proteção jurídica e, para proteger, é preciso conhecer. Para conhecer é preciso implantar projetos dessa magnitude, que fazem com que a sociedade entenda a importância desse bioma e passe a preservá-lo”, defende o promotor de justiça Carlos Eduardo Ferreira Pinto.
O motorista carioca Paulo Andrade diz que o jeitinho mineiro de preservar pode ajudar o país inteiro a cuidar mais do que é essencial para cada um de nós.
“Quanto mais a gente conhece, realmente tem que preservar. Se não preservar, as coisas não andam né?”, ressalta.