Imunizante é de dose única e indicado para todos. A Anvisa já aprovou duas vacinas contra a dengue. Ambas estão disponíveis apenas na rede privada, mas têm características diferentes. Hospital do RS testa nova vacina contra dengue
Fernanda Carvalho/Divugação HSL PUCRS
O Hospital São Lucas da PUCRS, em Porto Alegre, começa, nesta semana, a convocar voluntários para testes em uma nova etapa de um estudo para vacina contra a dengue. Interessados em participar devem realizar a inscrição no site da instituição.
Nesta etapa do estudo, não haverá uso de placebo: serão comparados os efeitos da vacina produzida pela norte-americana Merck Sharp and Dohme (MSD) e o imunizante produzido pelo Instituto Butantan.
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A Anvisa já aprovou duas vacinas contra a dengue. Ambas estão disponíveis apenas na rede privada, mas têm características diferentes (saiba mais abaixo).
Fabiano Ramos, infectologista e diretor técnico do hospital, explica que o benefício dos imunizantes que são testados pela instituição é que ele só precisa ser aplicado uma vez.
“As outras vacinas precisam de três ou duas doses, e uma delas é indicada apenas para quem já teve a doença. Essa é uma vacina de vírus enfraquecido, tem quatro tipos do vírus da dengue na vacina, e já nos resultados preliminares houve proteção de 80% das pessoas que receberam. A previsão é que a Anvisa possa aprová-la até o final de 2024, até porque ela já está acompanhando o estudo desde oinício”, diz o médico.
Como funciona o teste
O chamado “levantamento de não-inferioridade” compara os dois tipos de imunizantes, que usam o vírus atenuado. Todos os voluntários receberão um tipo de vacina, mas não terão conhecimento de qual laboratório foi aplicado até o final do estudo, pois será utilizado o método duplo-cego.
A ideia é que aproximadamente 1.240 participantes sejam avaliados na Região Sul do Brasil, sendo parte deles no Hospital São Lucas. Os voluntários serão acompanhados durante 12 meses a partir da assinatura do termo de consentimento, com seis visitas presenciais no CPC e mais dois encontros remotos, por telefone. Para participar, é necessário ter entre 18 a 50 anos de idade, não ter tido diagnóstico de dengue e ser saudável.
O objetivo do levantamento é comparar os títulos geométricos dos anticorpos neutralizantes contra o vírus da Dengue para cada um dos quatro sorotipos da doença. Além disso, o foco será avaliar a segurança e a tolerabilidade dos imunizantes em relação à proporção de participantes que apresentam eventos graves em relação à vacina.
Dengue
A dengue é uma doença infecciosa que acomete milhares de brasileiros e ainda preocupa autoridades de saúde pública. Nos primeiros quatro meses deste ano, os casos de dengue tiveram aumento de 113% em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério da Saúde. Foram 544 mil casos, mesmo número registrado em todo 2021.
O principal vetor da dengue é o mosquito Aedes aegypti. O vírus é transmitido para humanos por meio da picada da fêmea do mosquito infectado (não existe transmissão de uma pessoa para outra). Por isso, a medida mais importante é eliminar os criadouros.
O Aedes aegypti também transmite a zika e a chikungunya. Apesar de ser o mesmo vetor, as doenças são de vírus de famílias diferentes. Por isso, vale lembrar que a vacina é contra o vírus da dengue, não é contra o mosquito.
O mosquito Aedes aegypti é o transmissor da dengue
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Vacinas contra a dengue no Brasil
A Anvisa já aprovou duas vacinas contra a dengue. Ambas estão disponíveis apenas na rede privada, mas têm características diferentes.
A Dengvaxia é indicada para indivíduos de 9 a 45 anos com infecção prévia por dengue (é preciso fazer o teste sorológico para saber se já teve a doença) e seu esquema de administração consiste em três doses, que devem ser intercaladas num intervalo de seis meses.
Já a TAK-003, da Takeda Pharma, está liberada para a faixa etária de 4 a 60 anos, com ou sem infecção prévia. Ela é aplicada em um esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações. Ela é composta por quatro sorotipos diferentes do vírus da dengue.
O Instituto Butantan também está desenvolvendo uma vacina contra a dengue: a Butantan-DV. A vacina é produzida com os quatro tipos do vírus da dengue atenuados, ou seja, enfraquecidos. A expectativa é que uma dose seja suficiente, já que, segundo os estudos, a dose adicional não induziu diferenças significativas.
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