Famílias vivem com menos de R$ 200 por mês. Realidade atinge quase metade das mais de 368 mil famílias que fazem parte do Cadastro Único do Governo Federal. Geladeira vazia é a realidade de milhares famílias tocantinenses
Reprodução/TV Anhanguera
Contas atrasadas, geladeira e armários vazios. Essa é a realidade de milhares de famílias tocantinenses. É o caso de Railene Pereira de Oliveira. Ela é mãe de quatro filhas, entre 6 e 15 anos e ainda está grávida. Para conseguir se sustentar, a família vive com auxílio do Bolsa Família e das diárias que ela faz. Mas grávida de seis meses, o trabalho se torna inviável.
“O bolsa família ajuda um pouco, mas o suficiente não é. Porque 4 filhas mais a gravidez, e ainda tem que comprar enxoval… não tem como tirar do alimento pra comprar roupa”, conta Railene.
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Em todo o estado, mais de 368 mil famílias fazem parte do Cadastro Único do Governo Federal, utilizado em programas de distribuição de renda. Quase metade dessas famílias inscritas no CadÚnico vivem com renda mensal de pouco mais de R$ 200 por pessoa, ou até menos que isso, o que enquadra na linha da pobreza.
Somente no Tocantins, mais de 180 mil casas enfrentam essa situação, sem ter o que comer e sem saber como pagar as contas. Para sobreviver, dependem de benefícios do governo e da solidariedade de outras pessoas.
Railene tem quatro filhas e está grávida da quinta criança
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Morando em uma casa de dois cômodos, Railene chora em não ter dinheiro pra pagar conta nem encher a geladeira, para quando as filhas chegarem da escola. “Hoje mesmo só tem feijão. Elas vão chegar e ficar com fome”, desabafa.
De acordo com a Fundação Getúlio Vargas, o número de pessoas em situação de pobreza no Brasil bateu recorde. A FGV Social usou dados do IBGE e criou o mapa da pobreza no Brasil. A pesquisa, realizada em junho de 2022, mostra que são quase 63 milhões de brasileiros viviam com menos de R$ 497 por mês. O Tocantins ocupa a 15ª posição desse ranking da pobreza, que é liderado pelo estado vizinho Maranhão.
A pesquisa ainda mostra que 33 milhões de pessoas sobrevivem com renda menor que R$ 289 por mês, como é o caso de Railene. É o pior cenário desde 2012. Essas condições degradantes afetam todos os aspectos da vida dessas pessoas.
“A pobreza não é culpa de quem é pobre. O pobre está em uma condição de empobrecimento em função da estrutura social estabelecida ao longo do tempo. Como fazer pra resolver isso? É preciso políticas sociais justas para garantir o alimento necessário, garantir emprego, garantir renda”, explica o sociólogo João Nunes.
Sociólogo explica que solução é criar políticas sociais justas
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A criação de empregos formais é fundamental para que cada vez menos pessoas passem por situações como dessas 180 mil famílias do estado. Apesar de o Brasil apresentar crescente número de empregos, um em cada três trabalhadores brasileiros recebe menos que um salário mínimo. Além disso, a informalidade também afeta a condição dessas famílias.
Entre as possíveis causas para isso é exatamente o rendimento baixo das vagas oferecidas. “A principal razão é porque a produtividade da mão de obra é muito baixa. Isso se dá principalmente devido à baixa educação e escolaridade da nossa força de produção”, comenta o economista Alberto Ajzental.
Railene passa por dificuldades para alimentar a família
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Enquanto isso, as famílias tentam sobreviver como podem. “É triste olhar e não poder fazer nada. Não tenho o que fazer”, desabafa Railene.
Quem quiser ajudar a diarista, pode entrar em contato com ela pelo telefone (63) 9 9295-1669. O número também é a chave pix.
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