Gêmeas unidas pela cabeça vão passar por cirurgia plástica antes da separação final em Ribeirão Preto

Irmãs Allana e Mariah passaram pelo terceiro procedimento no sábado (11), que concluiu 75% da individualização das veias dos cérebros. Última cirurgia está prevista para julho. Médico do HC explica terceira etapa de separação de gêmeas siamesas
As gêmeas Allana e Mariah se recuperam bem após passaram pela terceira cirurgia de separação dos crânios no Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto (SP). As meninas que nasceram unidas pelo topo das cabeças foram operadas no sábado (11).
A quarta etapa está marcada para abril, quando elas receberão expansores de pele. O procedimento é preparatório para a cirurgia definitiva, prevista para julho deste ano.
“Nós temos que passar por um procedimento intermediário que vai preparar, então, a pele, para que se consiga ter um resultado estético bom”, explica o professor Hélio Rubens Machado, chefe do setor de Neurologia Pediátrica do HC e líder da equipe que acompanha as gêmeas.
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Além da função estética, o procedimento também tem um efeito reparador das intervenções anteriores. Os expansores de pele, segundo o Hospital das Clínicas, são bolsas de silicone inflável que foram feitas especialmente para as meninas e já estão na unidade de saúde.
De acordo com a previsão médica, no fim de julho as meninas devem passar pela cirurgia final e, no mesmo dia, por uma cranioplastia, onde a equipe de cirurgia plástica deve cobrir o cérebro das meninas.
As gêmeas Allana e Mariah são acompanhadas por médicos do Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto, SP
Arquivo pessoal
Terceira cirurgia
A cirurgia de sábado contou com equipe de 40 profissionais de diversas áreas. O procedimento durou sete horas e concluiu 75% da individualização da circulação sanguínea entre os cérebros das crianças.
“Esse é um grande progresso para nós. Agora, nós precisamos de um tempo para que elas se recuperem dessas cirurgias e se preparem, então, para a próxima cirurgia, que é a cirurgia definitiva”, diz Dr. Machado.
A terceira cirurgia contou, ainda, com a utilização de neuronavegador e realidade mista durante o procedimento cirúrgico.
“A realidade virtual permite que a gente simule a cirurgia, como ela deverá acontecer. O que faltava era a gente conseguir transferir essa realidade virtual para o momento da cirurgia, e isso agora, nós podemos, através de técnicas que que são acopladas a um sistema que nós já utilizamos na rotina, que é a neuronavegação”, diz Machado.
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A neuronavegação, aliada à realidade mista, oferece uma série de imagens tridimensionais que permitem que a equipe “navegue” no cérebro e saiba, com precisão, a posição do procedimento cirúrgico.
“Isso é um grande avanço para o cirurgião, para as crianças e para toda a equipe, porque permite uma cirurgia feita com melhores chances de sucesso”, afirma Machado.
Equipe médica usa neuronavegação na terceira cirurgia de separação das irmãs Allana e Mariah, gêmeas unidades pela cabeça, no HC de Ribeirão Preto, SP
HCFMRP/USP
Fé nas próximas etapas
O caso das meninas, que nasceram em Ribeirão Preto no dia 9 de dezembro de 2020, mas vivem com a família em Piquerobi (SP), é extremamente raro. A anomalia foi diagnosticada quando elas ainda estavam na barriga da mãe. Desde então, as irmãs são acompanhadas no HC.
Allana e Mariah são filhas de Talita Francisco Ventura Cestari e Vinícius dos Santos Cestari. A mãe das meninas conta que as crianças estão bem, conversando e brincando após a terceira cirurgia.
“A gente só tem a agradecer”, afirma. “Somos gratos por ver, todas as vezes que elas saem do centro cirúrgico, elas saem bem”, afirma.
Segundo Talita, tudo está saindo conforme o esperado.
“A gente tem muita fé que logo tudo vai acabar. Estamos nos aproximando da separação delas e, graças a Deus, até aqui, correu tudo bem e tudo vai continuar correndo com toda essa equipe maravilhosa que cuida delas”.
Talita Cestari, mãe das gêmeas unidas pela cabeça Allana e Mariah, agradece equipe médica do HC de Ribeirão Preto, SP
HCFMRP/USP
Segundo caso de gêmeas unidas pela cabeça no HC
Este é o segundo caso de separação de gêmeas nascidas unidas pela cabeça acompanhado pelo HC de Ribeirão Preto.
Em 2018, após dois anos de acompanhamento e análise, Machado e Jayme Farina, chefe da Divisão de Cirurgia Plástica, comandaram a equipe que atuou na separação bem-sucedida das gêmeas Maria Ysabelle e Maria Ysadora, que também nasceram unidas pelas cabeças.
Farina também faz parte da equipe que acompanha Allana e Mariah neste segundo caso realizado pelo HC.
As meninas, na época com 2 anos, encararam cinco procedimentos cirúrgicos inéditos no Brasil até serem definitivamente separadas em outubro de 2018.
A família retornou ao Ceará, estado de origem dela, em março de 2019, cinco meses após a separação.
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14/03/2023 17:43

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