Espetáculo leva no nome trecho da música ‘Divino Maravilhoso’ de Gal Costa. Com Salomão Di Pádua e Nilson Lima, apresentação é nesta sexta (31), quando se completam 59 anos do golpe militar. Salomão Di Padua e Nilson Lima, da esquerda para a direita, em imagem de divulgação
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Os cantores Salomão Di Pádua e Nilson Lima fazem show nesta sexta-feira (31) em alusão aos 59 anos do golpe militar no Brasil. O espetáculo leva no nome um trecho da música Divino Maravilhoso, “É preciso estar atento e forte”.
A dupla apresenta um repertório com “hinos de gerações”. São músicas de Caetano Veloso, Chico Buarque, Geraldo Vandré, Taiguara, Gilberto Gil e outras vozes que marcaram a música de protesto no período da ditadura.
Di Pádua e Lima interpretam canções dos artistas desde a década de 1960, passando pelos anos 1970 até a redemocratização da década de 1980. Para acompanhar as vozes, os músicos contam com Agilson Alcântara no violão, Hamilton Pinheiro no baixo e Pedro Almeida na bateria (veja detalhes mais abaixo).
“A sensação de que sempre fiz parte dessa luta tão importante. A revolução começa dentro da gente”, diz Salomão Di Pádua.
Tita Lyra, produtora do show, explica que, após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, refletiu que seria importante fortalecer a voz pró-democracia por meio da cultura, “historicamente um grande catalisador de resistência”.
“Ainda que seja em escala reduzida, promover um evento musical exatamente na noite do dia 31 de março, data em que ocorreu o golpe militar em 1964, não deixa de ser uma espécie de chamamento para reflexão”, diz Tita.
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A música na ditadura militar
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A ditadura militar teve início em 31 de março de 1964. Entre vários atos institucionais dos 21 anos de governo militar, o Ato Institucional nº 5, AI-5, definiu o momento mais duro do regime, impondo uma série de censuras (veja abaixo vídeo sobre o AI-5).
De 1968 até 1978, o AI-5 puniu aqueles que eram considerados “inimigos do regime”. Jornais, músicas, livros, filmes e revistas precisavam passar pela aprovação do governo para serem publicados.
Na época, artistas como Caetano Veloso, Gal Costa, Geraldo Vandré e Chico Buarque começaram a fazer músicas que criticavam o governo, usando, principalmente, de metáforas para dar mensagens sobre o regime militar.
A música que dá nome ao espetáculo desta sexta-feira (31), “Divino Maravilho”, foi interpretada pela primeira vez pela cantora Gal Costa, em 1968. A letra, escrita por Caetano Veloso, alerta para os perigos de viver um regime repressivo. A mensagem é de que é preciso prestar atenção ao redor e resistir ao que estava acontecendo.
“Para Não Dizer Que Não Falei das Flores”, que também está no repertório do show, foi composta por Geraldo Vandré e apresenta o cenário do Brasil na época. A música convoca a população a ir para a rua contra a ditadura militar. Em um dos versos, cita que somos iguais e que o povo precisa se unir, dando as mãos.
Outra canção famosa da época é “Cálice”, de Chico Buarque. A letra usa da semelhança da sonoridade da palavra “cálice” e “cale-se” para pedir o fim da censura. Citando uma “bebida amarga”, o cantor e compositor fala sobre a dificuldade de aceitar como normal tudo o que estava acontecendo no regime, como as torturas.
‘É preciso estar atento e forte’
Quando: sexta-feira (31)
Horário: 20h30
Local: Feitiço das Artes – CLN 306, bloco B, Asa Norte
Ingresso: R$ 35
Informações: (61) 3548 1680
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