Verônica Suriani levou 17 facadas de um homem que não aceitava o fim do relacionamento. Oito meses depois, ela conta como ajuda outras vítimas de violência doméstica e destaca a importância de denunciar os agressores. Verônica passou dois dias internadas após agressões
Arquivo Pessoal
O dia 15 de novembro de 2021 foi a data que a advogada Verônica Cristina Sousa Suriani, de 41 anos, colocou um ponto final no relacionamento após levar um tapa do ex-noivo. Verônica denunciou e pediu medida protetiva. Seis meses depois, o homem foi preso suspeito de esfaqueá-la 17 vezes em Belo Horizonte.
Nesta quarta-feira (8), em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher, a advogada conta o que mudou após as agressões e as ações para ajudar outras mulheres vítimas de violência doméstica.
Verônica se relacionou com o engenheiro Bruno da Costa Val Fonseca por dois anos. Durante esse período, o homem teve alguns comportamentos que, só após a tentativa de feminicídio, ela percebeu que não se tratava de uma relação saudável.
“Quando estamos em um relacionamento, temos uma visão romântica. Só percebi que tinha um ciúme excessivo depois do término. Achava que era manifestação de amor, mas era controle. Uma vez estava em uma loja fazendo compras e ele não acreditou. Pediu que eu passasse o endereço do lugar. Enquanto eu estava no tribunal trabalhando, ele me aguardava do lado de fora com flores, dizia que eu era a pessoa mais importante da vida dele”, lembrou a advogada, que também é diretora da Comissão de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG).
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Verônica conta que, depois do término, Bruno começou com ameaças e perseguições. No dia 23 de maio de 2022, ela levava os filhos, de 10 e 7 anos na época, para a escola quando foi agredida no bairro Gutierrez, Região Oeste da capital mineira. Veja vídeo:
Câmera registra momento em que ex-marido ataca mulher em Belo Horizonte
“A babá dos meus filhos me salvou. A Patrícia lutou por mim, empurrou e chutou o agressor. Fiquei dois dias internada e, após essa agressão, teve uma mudança muito grande na minha vida. Eu sou muito mais humana, mais fraterna. Recebi apoio e carinho de pessoas próximas e outras que nem conhecia. Sou grata pela vida”, contou.
Importância da denúncia
Verônica participa de ações para conscientização em relação à violência doméstica. Ela, que foi mais uma vítima de tentativa de feminicídio, reforça a importância de denunciar outros agressores.
“É importante denunciar, fazer o boletim de ocorrência, solicitar a medida protetiva. Não pode banalizar o crime. Vítima é vítima, não tem que ser responsabilizada”, finalizou.
O ex-noivo de Verônica permanece preso e à disposição da Justiça.
Suspeito de tentativa de feminicídio foi preso em BH.
Reprodução
Veja os meios de pedir socorro:
Ligue:
190 – Se você está sofrendo violência ou se ouvir gritos e sinais de briga
180 – Para denunciar violência doméstica
181 – Disque-Denúncia 24 horas
Denúncia presencial
Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher: Rua Barbacena, 288, Barro Preto, em Belo Horizonte. A vítima ou denunciante pode procurar também qualquer delegacia de outra cidade.
Delegacia virtual
É possível registrar ocorrências de lesão corporal, vias de fato, ameaça e descumprimento de medida protetiva pela internet. Clique aqui.
App MG Mulher
O aplicativo é uma ferramenta que permite a criação de uma rede de apoio com compartilhamento de localização da vítima para que pessoas de confiança e cadastradas pela própria mulher possam acionar a polícia. O aplicativo está disponível gratuitamente para download no sistema operacional Android e iOS.
Cartilha
Cartilha foi lançada nesta terça-feira (7)
Polícia Civil / Divulgação
Nesta terça-feira (7), a Polícia Civil lançou uma cartilha de medidas protetivas. Segundo a instituição, 89% de vítimas de feminicídio consumado não tinham requerimento de medida.
“Essa cartilha está sendo apresentada para sociedade no sentido de instruir a mulher para que a ela conheça o que é o medida protetiva. É uma cartilha de forma muito intuitiva, que traz todo tipo de informação. A gente percebe que a mulher, de fato, tem muitas dúvidas a respeito do que é a medida protetiva, como ela pode pedir, onde solicitar, qual prazo. Então essa cartilha vem no sentido de conscientizar essas mulheres”, explicou a delegada Carolina Bechelany, chefe do Departamento Estadual de Investigação, Orientação e Proteção à Família (Defam)
Clique aqui e conheça a cartilha.
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