Casal foi preso por suspeita de maus-tratos e tortura. Criança morreu após dar entrada em clínica de Guaratiba. Laudo comprovou 59 lesões no corpo de Quênia Gabriela, de 2 anos. Patricia André Ribeiro, madrasta da menina Quênia Gabriela, está presa
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Marcos Vinicius Lino e Patricia André Ribeiro, pai e madrasta da menina Quênia Gabriela Oliveira Matos de Lima, estão em celas isoladas de outros presos por medida de segurança. A informação foi confirmada por fontes da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).
Marcos Vinícius está na chamada cela de seguro da Cadeia pública José Frederico Marques, e Patrícia está em isolamento no Instituto Penal Oscar Stevenson, ambos em Benfica.
Os dois foram presos após a morte da menina de 2 anos, em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, por suspeita de maus-tratos e tortura.
No sábado (11), a Justiça converteu, durante audiência de custódia, a prisão em flagrante em preventiva. Na decisão, a juíza Daniele Lima Pires Barbosa destacou o comportamento “sádico e vil” da dupla.
“Resta demonstrado, portanto, o comportamento sádico e vil contra uma criança de tenra idade e a mais absoluta inadequação dos custodiados para a vida em sociedade, o que torna evidente a necessidade da conversão da prisão em flagrante em preventiva, como meio para garantir a ordem pública”, diz um trecho da decisão.
Quênia Gabriela Oliveira Matos de Lima
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O caso foi descoberto depois que a médica Ana Cláudia Regert examinou a criança na Clínica da Família Hans Jurgen Fernando Dohmann, em Guaratiba.
Foi ela que identificou que não se tratava de um atendimento qualquer e que a criança já estava morta quando deu entrada na unidade de saúde.
“Quando me viram de jaleco começaram a gritar falando que ela não estava respirando. Retirei a criança e fui para parte interna da unidade para avaliar. Ela já estava desfalecida, em estado cadavérico, mostrando que, a meu ver, já tinha bastante tempo que tinha acontecido, não minutos, como eles tinham relatado”, contou Ana Cláudia.
A médica conta que ainda tentou reanimar a criança, sem sucesso, e que nesse momento se deu conta do que aconteceu com Quênia.
“Quando a gente colocou na maca e despiu para iniciar as manobras, era evidente que eram lesões que não tinham acontecido só ontem. Eram coisas que já vinham acontecendo há bastante tempo. Tinha lesões por queimadura, provavelmente de cigarro, no umbigo, área genital tinha alteração, tinha fissura anal, muitos hematomas no corpo de uma criança de 2 anos e 4 meses”, lembra emocionada.
Ana Cláudia fingiu que continuava atendendo a criança e correu até a delegacia para denunciar pai e madrasta.
O laudo médico constatou que Quênia Gabriela tinha 59 lesões por todo o corpo, principalmente no rosto e no abdômen, além de sinais de abuso sexual. Os hematomas, novos e antigos, revelaram uma rotina de agressão física e maus-tratos vivida dentro de casa.
O g1 não conseguiu contato com a defesa do pai e da madrasta.