Cientistas da UFRPE estão estudando os últimos ataques registrados em praias do estado. Pesquisadora diz que canal de passagem próximo à costa atrai tubarões a Pernambuco
Cientistas da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) acreditam que a passagem de um canal próximo à costa tem atraído os animais em busca de alimento. Eles alertam ainda que o lixo jogado no mar também é um atrativo para os predadores (veja vídeo acima).
Os pesquisadores, que fazem parte do Núcleo de Pesquisa Ambiental da instituição, estão estudando os últimos ataques de tubarão registrados em praias pernambucanas. Segundo a pós-doutora em morfologia animal Mariana Rêgo, esse canal torna mais fácil o acesso dos tubarões às praias.
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“É um canal de passagem, onde tem peixes grandes e um tráfego muito grande de navios, que joga dejetos. Os tubarões são animais oportunistas. Então, evitam gastar energia e por isso vão atrás do alvo mais fácil”, explicou.
A pesquisadora lembra ainda que os tubarões são territorialistas e têm hábitos alimentares que podem ser estimulados pelos movimentos de pessoas e objetos no mar.
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“Principalmente, o tubarão-tigre se alimenta de qualquer coisa que balance na água. Então, essa ‘mania’ que nós temos de jogar lixo nas ruas, nos mares e nas nossas praias atrai também esses animais, porque é algo que boia e libera uma vibração”, alertou.
Desde 2015, quando a parceria entre a UFRPE e o governo do estado foi interrompida por falta de investimentos, o monitoramento de tubarões na costa pernambucana está paralisado.
Barco Sinuelo era usado para monitorar tubarões no litoral pernambucano
Reprodução/TV Globo
Barco Sinuelo
Um dos efeitos da falta de investimentos foi a deterioração da embarcação Sinuelo, que era utilizada para monitorar os tubarões.
“Os pesquisadores iam à embarcação, lançavam o espinhel – o aparelho de pesca que faz a captura – coletavam esses animais, faziam uma marcação, soltavam eles numa corrente para fora de Pernambuco e faziam o acompanhamento dessa marca. Quando essa marca era liberada, a gente recebia todas as informações sobre o deslocamento do animal”, detalhou Mariana Rêgo.
Assim, com a paralisação do Sinuelo e a falta de investimentos nas pesquisas, houve uma perda de acesso a informações que poderiam ajudar na prevenção de ataques.
“Um trabalho que, infelizmente, não tem financiamento nem embarcação. Então, não posso chegar e dizer que, em todo esse tempo, a gente tem mais bichos na água. Não tenho como dizer, exatamente, por falha nesse monitoramento e dessa pesca para gente ter noção do que está acontecendo”, ressaltou.
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