Pacientes percorrem longas distâncias no Tocantins em busca de tratamento médico. Apenas duas cidades do estado possuem hospitais para casos de alta complexidade. Pacientes percorrem longas distâncias em busca de tratamento médico
Reprodução/TV Anhanguera
Quem precisa viajar para fazer acompanhamento médico no Tocantins encontra problemas e dificuldades no transporte. É o caso de sete pacientes que viajam 700 km entre ida e volta, três vezes por semana, de Dianópolis para Palmas. Eles vão à capital fazer hemodiálise, já que na cidade deles, no sudeste do estado, não tem o serviço. A prefeitura informou, em nota, que as viagens são necessárias porque o hospital estadual da cidade sofre com falta de equipamentos e médicos (veja a nota na íntegra ao final desta reportagem).
Nesses casos, os pacientes conseguem lidar bem com o tratamento. Mas a distância debilita o estado físico deles. “Eu fico abatido, sinto dor nas costas, nas pernas, às vezes dá até febre”, relata o paciente Antônio Midas.
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Cansaço não só para os pacientes, mas também para quem ajuda nos tratamentos com a companhia. Um acompanhante relata que a esposa chega em casa “variada”, de tão cansada da viagem.
O motorista Roosevelt Lopes é um dos pacientes que acordam às 4 h e só chegam em casa depois das 21 h. Rotina cansativa de quem tem que viajar 700 km por dia somente para fazer o tratamento da hemodiálise. “A nossa rotina é na estrada, a gente chega em casa mais cansado que o próprio tratamento, porque 350 km não é mole”, conta o paciente.
Pacientes percorrem longas distâncias em busca de tratamento médico no Tocantins
O Tocantins tem 277 mil km² de extensão. Existem 18 hospitais regionais em 15 cidades, mas apenas três dessas unidades são de alta complexidade. São duas em Palmas e uma em Araguaína. É por isso que pacientes de todas as regiões do estado precisam se deslocar para conseguir atendimentos de saúde especializados.
A Secretaria de Estado da Saúde reconhece que há falta ou baixa quantidade de profissionais disponíveis e equipamentos necessários (confira a nota na íntegra ao final desta reportagem).
Além do cansaço, também há riscos enfrentados nas rodovias. Em um ano, mais de 20 pacientes morreram em acidentes envolvendo vans ou ambulâncias em que estavam sendo transportados. No dia 25 de janeiro, 12 pessoas que estavam voltando para casa em uma van de transporte de pacientes de Almas não resistiram à batida em um caminhão. A tragédia chocou o país e deixou a cidade e o estado em luto.
Van que transportava vítimas de acidente ficou destruída
Divulgação/Prefeitura de Almas
No dia 20 de outubro do ano passado, entre Palmas e Paraíso do Tocantins, mesmo ferido, um médico que estava em uma ambulância intubou uma paciente na rodovia após um acidente com a ambulância em que estavam. Ela acabou morrendo no hospital.
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Outro grave acidente foi no início de 2022. Em fevereiro, seis pessoas não resistiram aos ferimentos causados pela batida em um carro da Secretaria de Saúde de Goiatins.
Por causa disso, quem é obrigado a sair de onde mora em busca de saúde, enfrenta o trajeto com medo. seu antonio, passou por muitos sustos. “O carro quebrou, na estrada não tinha farol, não tinha limpador de parabrisa, a porta sem borracha, molhando o pessoal”, relata o paciente Antônio Midas.
O que diz a Secretaria Municipal de Saúde de Dianópolis
O setor de Transportes da Secretaria Municipal de Saúde e Saneamento Básico de Dianópolis desloca veículos oficiais, cotidianamente, para atenderem pacientes que necessitam de tratamentos de saúde em Palmas.
Diariamente, a van se desloca a capital para levar pacientes a serem atendidos em diversas especialidades e os veículos da frota do Município atendem tanto pacientes em agendamento de consulta quanto para tratamentos de pacientes que necessitam de atendimento especializado.
Destacamos que, de forma constante, a manutenção é feita em todos os veículos da Secretaria Municipal de Saúde e Saneamento Básico, desde os carros pequenos até as vans, priorizando a segurança dos nossos motoristas e de todos os pacientes. Vale lembrar que todos os veículos possuem seguro de trânsito e cobrem danos materiais e corporais a terceiros.
O que diz a Secretaria de Estado da Saúde
A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que o Sistema Único de Saúde (SUS) devido a grande quantidade de serviços e da complexidade trabalha em rede, com responsabilidades pactuadas entre os três entes federados – Municípios, Estado e Governo Federal.
A SES-TO explica que os atendimentos de pacientes com deslocamentos são em sua maioria eletivos ou que demandam especialistas e/ou serviços de alta complexidade que esbarram na falta ou baixa quantidade de profissionais disponíveis e/ou a complexidade dos serviços e equipamentos necessários.
A SES-TO para amenizar as transferências têm ampliado e equipado os hospitais do interior, aberto novos leitos, inclusive de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) e está com chamamento aberto para contratação de médicos especialistas, que atenderão as demandas locais, promovendo o atendimento mais perto do local de origem dos pacientes.
Por fim a SES-TO destaca que busca ampliar a oferta de serviços à população tocantinense, com o fortalecimento da rede municipal de saúde, exemplo disso são os repasses para unidades hospitalares municipais que já realizaram quase 1500 procedimentos cirúrgicos eletivos em 2022.
Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.
‘A gente chega em casa mais cansado da estrada que do tratamento’, relatam pacientes que percorrem 700 km para ter atendimentos de saúde
