No Brasil, os homens receberam entre R$ 3 mil e R$ 3,1 mil por mês, em média, em 10 anos. Já as mulheres, entre R$ 2,2 mil e R$ 2,4 mil. Renata Lo Prete conversou com Regina Madalozzo, economista especialista em economia do trabalho, sobre o assunto. Lo Prete entrevista Regina Madalozzo sobre igualdade salarial entre homens e mulheres
Na semana do Dia Internacional da Mulher, um relatório da Organização Internacional do Trabalho, divulgado nesta segunda (6), aponta que os homens ganham praticamente o dobro das mulheres, na média mundial – diferença é ainda mais grave nos países pobres. Veja a reportagem completa no vídeo acima.
Para entender esse cenário de desigualdade, Renata Lo Prete conversou, no Jornal da Globo, com Regina Madalozzo, pesquisadora da Sociedade de Economia da Família e do Gênero (GeFam) e economista especialista em economia do trabalho.
No final de fevereiro, o presidente Lula afirmou que vai apresentar uma proposta de lei para garantir “definitivamente” que mulheres receberão salários iguais aos de homens, caso exerçam a mesma função no trabalho. Para Madalozzo, a proposta é bem-vinda, mas diz que é preciso mais.
“Infelizmente, só essa lei não vai reverter todo o quadro. Se a gente imaginar que nosso país tem 40% das pessoas em trabalho informal, uma lei dessas continua protegendo as mulheres que estão no trabalho formal. Então, a gente precisa de um conjunto de leis, que é isso que a gente está esperando para o dia 8 de março. Um conjunto de leis que favoreça a questão da participação das mulheres no mercado de trabalho”, explica a especialista.
No Brasil, os homens receberam entre R$ 3 mil e R$ 3,1 mil por mês, aproximadamente, nos últimos 10 anos. Já as mulheres, entre R$ 2,2 mil e R$ 2,4 mil – R$ 700 reais a menos, em média.
Num ranking global recente, o Brasil aparece na posição de número 94, entre 146 países. Na América Latina, só dois países têm desempenho pior do que o Brasil.
“É uma série de fatores que acabam neste resultado que o Brasil está, piorando ano após ano. A gente não pode esquecer que viemos de um período onde teve um retrocesso com relação à legislação, à importância que a gente dá para as questões das mulheres e para as questões de equidade de gênero”, disse.
“A gente tem um poder político muito concentrado na mão dos homens e isso desfavorece a nossa posição no ranking e o avanço também das mulheres no mercado de trabalho”, completa a economista.
Em 2019, ano do levantamento mais recente, mostrou que, para cada dólar que os homens receberam no trabalho, em todo o mundo, as mulheres receberam US$ 0,51. Nos países de renda média-baixa e de renda baixa, o cenário foi ainda pior: US$ 29 e US$ 33, respectivamente.