Dólar abre em alta e vai a R$ 6,14, com tarifas de Trump no radar

Na véspera, moeda norte-americana recuou 0,12%, cotada a R$ 6,1036. O principal índice de ações da bolsa subiu 0,95%, aos 121.163 pontos. Fernando Haddad fala que déficit será de 0,1% do PIB em 2024
O dólar opera em alta nesta quarta-feira (8), negociado a R$ 6,14. A moeda americana começou o dia em alta com um possível avanço das políticas tarifárias do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
Investidores avaliam a notícia de que Trump está considerando declarar emergência econômica nacional no país, uma forma justificar a imposição de tarifas de importação sobre aliados e adversários. A informação é da CNN.
Também nesta quarta está programada a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed), que mostra o detalhamento da decisão de dezembro, que reduziu os juros dos EUA em 0,25 ponto percentual, para faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.
Também nesta quarta, será divulgado o relatório ADP de empregos, que mostra a geração de empregos no setor privado e é um dos dados de mercado de trabalho que ajuda o mercado a antecipar as próximas decisões de juros pelo Fed.
No Brasil, a produção industrial de novembro registrou queda de 0,6% na comparação com o mês anterior e alta de 1,7% contra o mesmo mês de 2023. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de queda de 0,5% na variação mensal e de alta de 1,8% na base anual.
Por fim, as retiradas de recursos das cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 15,44 bilhões em todo ano de 2024, informou o Banco Central.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Às 9h45, dólar subia 0,50%, cotado a R$ 6,1324. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda fechou em baixa de 0,12%, cotada a R$ 6,1036.
Com o resultado, acumulou:
queda de 1,25% na semana;
recuo de 1,23% no mês e no ano.

Ibovespa
O Ibovespa opera apenas às 10h.
Na véspera, o índice encerrou em alta de 0,95%, aos 121.163 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 2,22% na semana;
ganhos de 0,73% no mês e no ano.

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
O mercado monitora nesta quarta-feira a informação de que Trump está considerando declarar uma emergência econômica nacional para justificar seu tarifaço.
A medida permitirá que Trump crie um novo programa de tarifas comerciais usando a Lei de Poderes de Emergência Econômica Internacional, que autoriza o presidente a administrar as importações durante uma emergência nacional, segundo a reportagem.
“Nada está fora da mesa”, disse uma fonte familiarizada com o assunto à CNN.
Trump prometeu impor tarifas de 10% sobre as importações globais para os EUA, juntamente com uma tarifa de 60% sobre os produtos chineses. Ele também disse que imporia uma tarifa de 25% sobre as importações canadenses e mexicanas em seu primeiro dia no cargo.
A confiança das empresas aumentou desde a vitória de Trump em novembro, devido às expectativas de cortes de impostos e menos regulamentações. No entanto, há preocupações com as tarifas mais altas sobre importações e deportações em massa, que podem aumentar a inflação e prejudicar o crescimento.
O mercado reage mal à possibilidade de tarifas maiores, pois mais inflação pode obrigar o Fed a aumentar as taxas de juros. Isso aumenta o rendimento dos títulos públicos e reduz o apetite dos investidores por investimentos mais arriscados, dando força do dólar.
Além disso, o mercado avalia o relatório de emprego ADP nos EUA. Uma economia aquecida, com forte geração de vagas e inflação persistente, pode fazer o Fed reduzir o ritmo de corte dos juros.
Desde meados de 2024, os EUA estão em um ciclo de redução das taxas de juros. Para que os juros continuem caindo, a inflação precisa desacelerar mais. Até novembro, a inflação anual era de 2,7%, enquanto a meta do Fed é de 2%.
No Brasil, o mercado aguarda novas sinalizações do governo sobre as contas públicas, enquanto avalia os novos dados da economia.
A caderneta de poupança teve o melhor resultado em termos de captação (saída ou retirada de valores) desde 2020, quando foi contabilizado o ingresso de US$ 166 bilhões na poupança. Houve forte ingresso de recursos naquele ano por conta do pagamento do auxílio emergencial durante a fase mais aguda da pandemia da Covid-19.
De acordo com o BC, em 2024:
os depósitos somaram R$ 4,17 trilhões;
as retiradas totalizaram R$ 4,21 trilhões.
A saída de valores da poupança em 2024 foi menor que a do ano anterior – quando mais de R$ 87,8 bilhões deixaram a modalidade de investimentos.
Mesmo com a retirada de recursos da poupança no último ano, o estoque dos valores depositados, ou seja, o volume total aplicado, registrou aumento para R$ 1,03 trilhão. Em dezembro de 2023, o volume total somou R$ 983 bilhões. O aumento aconteceu por conta dos rendimentos creditados nas contas dos poupadores.
O mercado ainda avalia a entrevista exclusiva à GloboNews do ministro Fernando Haddad. Ele afirmou que o déficit primário do Brasil em 2024 ficará em 0,1% e que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) será de 3,6%. Os dados não consideram os gastos com a tragédia do Rio Grande do Sul.
Segundo o ministro, o déficit é menor do que o previsto. “Um ano atrás, a previsão do mercado era de 0,8% do PIB. Vamos nos lembrar que era antes do episódio trágico do Rio Grande do Sul que consumiu 0,27% do PIB para atender a população. Era 0,8%, vamos terminar o ano com 0,1% do PIB”.
Questionado se o governo prepara um novo decreto de ajuste fiscal, o ministro disse que primeiro é preciso aprovar o orçamento e adequá-lo ao pacote de corte de gastos aprovado pelo Congresso.
“Nós primeiro temos que adequar o orçamento às medidas já aprovadas, que garantem flexibilidade na execução que não tivemos nos últimos dois anos.”
Ele disse ainda que não gosta de falar em pacote “dois, três, ou quatro”, mas que o governo está em constante estudo para avaliar a adequação dos gastos.
Sobre a previsão de crescimento do endividamento público, Haddad disse que, quando o novo arcabouço fiscal for implementado, a dívida irá estabilizar e depois vai cair. Ele também afirmou que governo afastou ideia de ficar meta para a dívida. Confira aqui outros pontos da entrevista.
Dólar
Karolina Grabowska/Pexels

08/01/2025 09:06

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