Elizmar Souza Jeremias é o primeiro competidor paraense a disputar a montaria em touros no país. Ele viajou para intercâmbio em escola após vencer o rodeio de Ribeirão Preto (SP). Peão brasileiro batalha pelo sonho americano no rodeio dos EUA
Há cerca de um ano, o peão Elizmar Souza Jeremias, que é natural de Anapu (PA), viu a vida mudar. Vencedor da montaria em touros do Ribeirão Rodeo Music 2022 em Ribeirão Preto (SP), Elizmar ganhou a oportunidade de fazer um treinamento especial para peões nos EUA. Ele pegou o avião e não voltou mais.
Em busca do sonho americano, como os brasileiros Kaíque Pacheco e José Vitor Leme, consagrados no rodeio gringo, Elizmar trabalha duro, principalmente por causa das diferenças culturais e da própria prova mesmo.
“Quando você chega aqui, bem dizer, começa do zero. Quando a gente quer um sonho, tem que correr atrás, tem que batalhar”, diz.
Elizmar Souza Jeremias, de 26 anos, ficou nos EUA para correr atrás do sonho americano no rodeio
Arquivo pessoal
LEIA TAMBÉM:
Ribeirão Rodeo Music 2023 acontece em abril
Clayton & Romário comemoram sucesso de ‘Namorando ou Não’
Diferenças culturais e profissionais
Elizmar diz que é o primeiro peão paraense a competir nos EUA. Ele vive na pequena Decatur, cidade com cerca de seis mil habitantes no estado do Texas, e segue uma rotina de trabalho e treinamentos intensos.
Quando viajou aos EUA como prêmio por ter vencido o rodeio em Ribeirão Preto, ele passou uma temporada na The Painted Pony Championship Rodeo, escola especializada em rodeio que fica em Lake Luzerne, Nova York.
Elizmar Souza Jeremias, de 26 anos, exibe fivela de campeão no rodeio dos EUA e número de competidor
Arquivo pessoal
De acordo com Elizmar, a lida com os animais e o treinamento foram desafiadores no começo. Ele destaca que os touros de lá são mais ágeis e ligeiros do que os do Brasil.
“Quando você chega aqui, bem dizer começa do zero. Claro, a gente já tem uma experienciazinha, mas, para adaptar com os bois aqui, tem que estar bem preparado. Você chega aqui e tem que estar direto em academia, fazer direto muito exercício, estar direto treinando. Não adianta você ficar parado aqui, tem que estar focado. No Brasil, tudo te ajuda. Aqui, você fica com a cabeça no mínimo 99% no touro, senão não dá certo.”
Além das diferenças do preparo para as provas, existem as culturais. “Aqui nos Estados Unidos é outro mundo, tudo diferente, as pessoas agem de forma diferente, a linguagem é diferente, eu não entendo o que as pessoas falam. Pra mim, quando cheguei, não foi fácil. Ano passado, durante esse curso que eu ia nos rodeios, era bem complicada a adaptação. Não é fácil você adaptar com tudo: com clima, com a língua, os animais, o formato dos rodeios”, diz.
Elizmar Souza Jeremias, de 26 anos, durante montaria em touros nos EUA
Arquivo pessoal
Desafios
A vida no país estrangeiro tem sido desafiadora, mas nem por isso Elizmar quis voltar ao Brasil ao final do curso de três meses, que deu a ele a oportunidade de estudar, aprender a montar e a ter foco, além de viajar para os rodeios.
Atualmente, ele vive em um trailer alugado e paga também o aluguel do terreno onde fica a casa. O custo de vida, segundo Elizmar, não é caro, mas ele precisa se esforçar e ir bem nos rodeios para garantir um dinheiro.
Quando não está treinando, o peão arruma bicos trabalhando em ranchos tratando de cavalos. “A maioria das vezes é trabalho com cavalo, limpar baia, tratar de cavalos, de gado”, diz.
O peão Elizmar Souza Jeremias, de 25 anos, natural de Anapú (PA), ao conquistar o Ribeirão Rodeo Music 2022
Divulgação
Foco
Aos 26 anos, o peão soma 20 títulos, contando com as vitórias que já conquistou no exterior. Desde que chegou aos EUA, Elizmar disputou nove rodeios da Professional Rodeo Cowboys Association (PRCA) e saiu campeão em quatro deles.
“Ganhei bastante rodeio aberto também, foi muito bom, a experiência que eu não tinha. A sensação é bem boa de estar aqui. Vim tão cedo e nem imaginava”, diz.
Com objetivo de ir o mais longe possível na carreira, nos dias em que não está trabalhando, a dedicação é 100% voltada aos treinos.
“Quando é na terça-feira ou quarta-feira eu vou para o treino para montar em boi e dar uma preparada fisicamente, o reflexo, né, agilidade da gente, dar uma preparada para ir no rodeio. Na quinta já começo a ir nos rodeios.”
Elizmar Souza Jeremias, de 26 anos, ficou nos EUA para correr atrás do sonho americano no rodeio
Arquivo pessoal
Saber aproveitar
Elizmar é daqueles que gostam de aproveitar as oportunidades o máximo possível. Ele acredita que a chance de estar se desenvolvendo na montaria é fruto do esforço dele e daqueles que sempre incentivaram o trabalho, como a Liga Nacional de Rodeio (LNR) no Brasil.
“Fácil não é, mas se a gente tem um amor e quer realizar um sonho, tem que pôr na cabeça que a gente é capaz e se dedicar aquilo. Tenho muito a agradecer à Liga Nacional por ter me dado essa oportunidade, de eu ter ido nos rodeios dela no Brasil, competido, montado e ter me saído bem. Se não fosse ela, estaria montando no Brasil hoje, sem conhecer os EUA, então é gostoso estar aqui.”
Família e Brasil
O sonho dele agora é se estabelecer de vez no país e conseguir levar a família. Elizmar tem ainda o desejo de voltar a montar no Brasil e não descarta a possibilidade de montar em Barretos (SP) na Festa do Peão em agosto.
“Tenho planos de ir a Barretos esse ano, eu não sei como vai ser. A cabeça minha é entrar em num time aqui, mas não sei. Se eu entrar, tudo correr bem de eu conseguir uma vaga pra conseguir montar em Barretos, eu vou sim para Barretos esse ano. Fé em Deus”.
Leia mais notícias do Ribeirão Rodeo Music
Vídeos: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região
![](https://classigrandelago.com.br/wp-content/uploads/2022/02/cropped-classipress-featured-image.jpg)