Douglas Gouvea aparece em suas redes sociais como adestrador de cachorros de famosos para ganhar a credibilidade das pessoas. Ele nega má fé. Perfil de Douglas Gouvea: foto com famosos para alimentar credibilidade
Reprodução/Redes sociais
Um grupo com pelo menos seis pessoas, moradoras de diversas partes do Rio de Janeiro, alega que foram enganadas pelo adestrador de cães Douglas Goes Gouvea.
A maioria diz que conheceu Douglas pelas redes sociais ao procurar um profissional de adestramento. Ao se deparar com o perfil dele, além da oferta do serviço, a pessoa via também o treinador com os cachorros de artistas e famosos, o que dava a ideia de credibilidade.
É o caso da designer Bia Wöllinger, que viu o perfil de Douglas, em janeiro desse ano e resolveu contratar o adestrador.
“Quando você joga em site de busca, o perfil dele é um dos primeiros que aparecem e, como parece bom, com vários famosos, contratei”, diz ela que recebeu o preço de R$ 1,2 mil pelo pacote de aulas ou R$ 850 no PIX.
Douglas Gouvea: clientes o acusam de golpe
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Como o desconto era bom, ela optou pela modalidade de transferência imediata. Douglas foi até a casa dela, conheceu o cachorro e disse que voltaria na próxima semana para a próxima aula.
No entanto, perto do dia combinado, disse que estava com problemas e faltou. Perguntou se poderia ir num sábado, o que não era o combinado. Foi, pediu para ficar sozinho com o cachorro e teria dado o treinamento ao animal. Foi embora e nunca mais voltou.
Desde o sumiço, Bia tem entrado em contato com Douglas, pedido o dinheiro de volta e, recentemente, após ameaça de que o processaria, recebeu R$ 100 e a promessa da devolução do restante do dinheiro.
Situação parecida com a do casal Jonatas Dantas e Jullia Soriano, também da Zona Oeste do Rio. Eles viram a postagem do cantor Ferrugem ao lado do adestrador, e resolveram chamá-lo para treinar o cachorro da casa.
O combinado, em dezembro de 2022, era de R$ 800 por 10 aulas, sendo uma de avaliação do animal, e pagamento no PIX.
Douglas foi na avaliação, deu uma desculpa e não apareceu na segunda aula. Sumiu.
Ao ser procurado para dar satisfação e ao ouvir que fariam registro dele na delegacia, debochou: “Ser preso por isso? Aqui é Brasil, cara”, escreveu.
Conversa de uma cliente com Douglas
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O casal não recuou e fez o registro de ocorrência no início desse ano, no dia 18 de janeiro. Recentemente, Douglas entrou em contato com o casal se propondo a devolver em parcelas. Fez em cinco prestações, totalizando R$ 650 até agora.
“E eu paguei à vista”, lamenta Jullia.
Registro de ocorrência em nome de Julia: ‘Aqui é Brasil, cara’
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Conheço essa história
Jonatas contou a história no lugar em que trabalha e, uma colega ouviu, achou parecida com a história que viveu e parou para checar se era a mesma pessoa. Era.
Só que no caso da contadora, que prefere não se identificar, o adestramento foi contratado no início de 2020, para a Zona Sul do Rio de Janeiro, e o nome de Douglas Gouvea foi recomendado por uma veterinária.
“Peguei um cachorrinho de rua e, como ele era muito traumatizado, a veterinária recomendou o adestramento. Ela falou do Douglas e topei. Ele cobrou R$ 750 por um pacote de 8 aulas. Foi na primeira, fez treinamento dentro do apartamento mesmo, apareceu mais uma ou duas vezes e sumiu”, diz.
“Só depois, procurando saber sobre ele, que vimos que tinham várias reclamações sobre ele em sites como o Reclame Aqui e em redes sociais. Ele pega o dinheiro e não vem”, conta.
Algumas das reclamações vistas pelos contratantes de Douglas
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PIX serviu de prova em processo
Já Nancy de Oliveira, que morava na Baixada Fluminense na época da contratação do adestrador, o PIX foi sua arma para abrir um processo.
No início de 2021, depois de cobrar seu dinheiro de volta ou o adestramento de seu cachorro, ela desistiu e processou Douglas Gouvea. Recebeu R$ 8,5mil no começo de 2022.
“Como fiz o PIX, tinha como provar que paguei a ele. Mas indiquei uma conhecida, que também foi lesada e que não teve a mesma sorte”, diz.
A amiga de Nancy, que também prefere não se identificar, confirma que foi lesada, lembra ainda que Douglas topou fazer uma promoção para as duas desde que o valor fosse pago em dinheiro.
Ela topoi, mas ficou sem as aulas e sem o dinheiro.
“Falei com ele várias vezes, mas não obtive retorno nenhum. Total descaso, nunca me deu nenhum retorno”, lembra.
Adestrador nega má fé
Procurado pela reportagem do g1, Douglas disse que qualquer acusação de estelionato era totalmente infundada e que não havia nenhum queixa ou boletim de ocorrência sobre isso.
Confrontado com o boletim que aparece nesta reportagem, ele disse desconhecer, informou que vai à delegacia procurar saber e que “tudo que tem que ser resolvido está sendo”.
“Imagino que a pessoa que abriu não queira resolver porque eu estou à disposição”, disse.
Depois, disse que a situação pode ter acontecido, mas não por má fé, mas por problemas alheios a sua vontade.
“Isso pode ter acontecido, mas não por querer ficar com o dinheiro, e sim por poder ter sido mordido, [estar] com filho doente, tem diversas situações que podem gerar uma ausência, mas meu telefone sempre foi o mesmo e meu CNPJ ativo. Entendo que tood mundo tem que ter compreensão com meus problemas, mas tenho como provar tudo. Entendo insatisfações, mas tenho como provar tudo”, disse.