‘Esquecidos’: moradores do RJ sem acesso a saneamento contam que bebem água até com fezes e sofrem com doenças

Estado também tem 8 milhões sem acesso a outro direito fundamental, o esgoto. ‘Esquecidos’: moradores do RJ sem acesso a saneamento contam que bebem água suja sofrem com doenças
No terceiro episódio e último da série “Esquecidos”, o RJTV mostrou a realidade de moradores do estado que não são atendidos no direito básico de acesso à água tratada e ao saneamento básico.
Segundo levantamentos do SNIS e do IBGE, o estado do Rio tem 1,2 milhões de pessoas sem acesso a água e 8 milhões sem saneamento básico. Entre eles estão pessoas que dependem de ajuda para beber água limpa, ou que acabam consumindo ela misturada com fezes, lodo, barro e ou outras impurezas, retirada de poços ou de outras fontes de procedência duvidosa, com o auxílio de bombas e canos improvisados.
Em Queimados, na Baixada Fluminense, o RJ2 conversou com Adelson Rodrigues. O esgoto da casa dele é em uma fossa improvisada que ele mesmo fez. A água vem de um cano na rua que pinga em um reservatório improvisado, sem frequência. “Quando chove ela vira lama, porque água não tem”, diz Adelson.
Ligiane Moreira, mulher de Adelson, explica que o casal congela água na tentativa de matar as impurezas, mas acredita que acaba consumindo até fezes no processo.
“A gente congela ela, congela numa esperança de matar os germes. Mas, infelizmente a gente já chegou a presenciar dentro da água fezes, a gente ficou bem assustado, mas não tem outra opção”, afirmou.
Em Belford Roxo, no bairro Shangri-lá, moradores fizeram um sistema improvisado nas ruas de canos para ter acesso à água. Outros fazem os próprios poços.
“Não temos garantia [sobre a água], porque não passa ninguém para fazer o teste. Mas é o único jeito jeito que a gente tem de ter água, tanto para cozinhar, para lavar roupa, para tudo. Já tive infecção no interstino por conta da água. Nossa cidade aqui de Shangri-lá é esquecida”, conta Maria Eduarda Chagas.
Também na região, Robson Muniz da Silva conta que tem que pedir água para os vizinhos para poder beber e cozinhar. Ele mostrou o que tinha de água no momento: um galão e uma garrafa. “Acabou essa água pra mim já era”, conta ele, que afirma que há 15 anos não tem distribuição regilar de água.
Em Duque de Caxias, a reportagem encontrou moradores que acumulam água com aparência de lodo para beber e tentam purificá-la com cloro. Miriam Pimentel mostrou que tem que atravessar uma vala de esgoto para chegar em casa. Ela relatou que teve várias doenças, assim como vizinhos e mostrou ferimentos na pele, causados por coceira, que acredita que está relacionada com o esgoto.
A água que ela e a família usam vem de um cano perto de onde o esgoto passa. “Não tem garantia que não tem contato. Usamos ela pra tomar banho, lavar roupa, fazer comida e beber”. Ela conta que o neto está com vômitos e também tem coceiras constantes.
Série ‘Esquecidos’: moradores do RJ recorrem a fontes improvisadas de água
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SÉRIE ESQUECIDOS
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O que diz a Águas do Rio
A reportagem também ouviu a Águas do Rio, responsável pelo fornecimento de água na região e perguntou qual expectativa que essas pessoas podem ter na Baixada Fluminense de ter acesso a água e esgoto.
Diretor superintendente da empresa na Baixada, Luiz Fabbriani diz que a Águas do Rio fez um plano diretor para a região que entra em vigor a partir de maio. “A gente vai começar a fazer um cronograma das nossas atuações. Então, aonde estuiver essas comunidades, elas vão estrategicamente estar sendo contempladas dentro dos 12 anos de universalização do esgoto que vai se dar aqui no Rio de Janeiro”, diz.
Questionado se 12 anos não é um prazo muito grande diante da realidade de pessoas que consomem água com esgoto ou água da chuva, ele afirma que tem áreas prioritárias que devem receber atenção inicialmente.
“Estamos mapeando tiodas essas áreas e tem áreas muito prioritárias. Só pra ter uma noção: nesses ultimos 15 meses nós proporcionamentos 30% da população uma água que nunca receberam. Então, a infraestrutura que existe e aonde pode melhorar o nosso fornecimento a gente ja tem feito isso”, afirma.
Série ‘Esquecidos’: Miriam Pimentel narra rotina de doenças sem acesso a fornecimento digno de água e esgoto
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Série ‘Esquecidos’: RJ tem 8 milhões sem acesso à coleta de esgoto
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Série ‘Esquecidos’: fossa improvisada em Belford Roxo
Reprodução/RJ2

29/03/2023 23:00

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