Três pessoas são julgadas por envolvimento no crime que aconteceu em 2005. Outra seis já foram julgadas e condenadas. Sessão desta quarta-feira (29) começou às 8h30 com depoimentos de mais nove testemunhas. Previsão é de que o júri termina até a quinta. Imagem do segundo dia do júri de skinheads em Porto Alegre
Josmar Leite/RBS TV
Foi retomado às 8h30 desta quarta-feira (29) o julgamento de três acusados de integrar um grupo de skinheads, com ideologia neonazista, que atacou um grupo de judeus em 2005 no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre. O segundo dia do júri é presidido pela juíza Lourdes Helena Pacheco da Silva, titular do 2º Juizado da 2ª Vara do Júri da Comarca de Porto Alegre.
Conforme o Tribunal de Justiça (TJ), estão previstos os depoimentos de mais nove testemunhas. O primeiro deles foi o de Guilherme dos Santos, assistente de vendas que está na Austrália e falou por videoconferência. Ele é uma testemunha de acusação, representada pelo Ministério Público (MP). Na época do crime, ele estava em um bar com amigos e disse que presenciou as agressões.
“Pareciam ter raiva. [Foi] uma surra, um massacre covarde. Fiquei em choque e sem reação”, relatou, dizendo lembrar de pelo menos três agressores.
Júri de skinheads: saiba como foi o primeiro dia
Valmir Dias da Silva Machado Júnior, Israel Andriotti da Silva e Leandro Maurício Patino Braun são acusados de tentativa de homicídio qualificado (motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa dos ofendidos). Os advogados deles se manifestaram a respeito do primeiro dia do júri (confira, abaixo, a posição deles).
Durante a investigação policial, Santos contou ter ido até uma delegacia e feito o reconhecimento de dois suspeitos. Dois deles já foram julgados e condenados.
Ao todo, nove pessoas foram acusadas do crime. O processo sofreu uma divisão e, em setembro de 2018, três homens foram condenados. Já em março de 2019, outros três foram condenados.
A previsão, segundo o TJ, é que o julgamento seja concluídos na quinta (30).
O que dizem os advogados
O advogado José Paulo Schneider, que representa Israel Andriotti da Silva, avaliou o primeiro dia de júri como “extremamente produtivo e importante para demonstração da inocência”. Segundo Schneider, “os áudios e vídeos transmitidos comprovam cabalmente a injustiça por ele suportada há 18 anos”.
O advogado Manoel Castanheira, que atua na defesa de Valmir Dias da Silva Machado Júnior, também fez uma avaliação positiva do início do julgamento. Conforme Castanheira, “foi um dia proveitoso, onde se pode coletar a palavra das vítimas e de algumas testemunhas, que corroboram com a defesa do acusado, desde o inquérito policial, até o presente momento”.
O g1 não conseguiu contato com o advogado Rodrigo Noble, que defende Leandro Maurício Patino Braun, até a última atualização desta reportagem.
Júri de três réus acusados de atacar judeus em 2005 no RS
Juliano Verardi/TJRS
O caso
Segundo o MP, na madrugada do dia 8 de maio de 2005, Rodrigo Fontella Matheus, Edson Nieves Santanna Júnior e Alan Floyd Gipsztejn caminhavam pela esquina das ruas Lima e Silva e República, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, quando foram atacados por skinheads, grupo de ideologia neonazista.
As vítimas usavam quipás (pequeno chapéu em forma de circunferência, usado pelos judeus). O grupo de agressores estava dentro de um bar quando avistaram os rapazes em frente ao estabelecimento. Rodrigo Fontella Matheus foi golpeado com uma faca, socos e pontapés.
Edson Nieves Santanna Júnior e Alan Floyd Gipsztejn também foram atacados pelo grupo, mas conseguiram fugir e buscar abrigo para se proteger.
VÍDEOS: Tudo sobre o RS
o