‘Sea Shepherd Brasil’ trabalha para a conservação marinha e atua em cinco projetos principais, entre eles ‘Shark Defense’ e ‘Cação é Tubarão’. Tubarão-limão, espécie bem comum nas águas rasas de Fernando de Noronha.
Rafael Mesquita
Com os recentes incidentes envolvendo tubarões no Grande Recife nos últimos 15 dias, esse animal marinho está mais em pauta do que nunca.
Ações humanas contribuíram para esse desequilíbrio graças a degradação ambiental, assim como construções de complexos portuários e a pesca de arrasto de camarão elevaram a esse problema nas praias.
Entenda os ataques de tubarão em Pernambuco a partir das perguntas abaixo:
Por que acontecem tantos ataques?
O que atrai os tubarões?
Como podemos prevenir?
Quem é responsável pela prevenção?
A praia vai voltar a ser segura?
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Várias espécies de tubarões apresentam índices críticos de ameaçada de extinção, inclusive o tubarão tigre (Galeocerdo cuvier) e o cabeça-chata (Carcharhinus leucas), que são os responsáveis pela maior parte dos incidentes em Pernambuco. Ambas são consideradas ‘Vulneráveis’ e com baixa população, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Em escala global , mais de 10 mil tubarões morrem a cada hora e esses peixes, que são essenciais para a sobrevivência do oceano, precisam de proteção.
É por isso que entre as cinco campanhas realizadas pela ONG Sea Shepherd Brasil, que luta pela conservação marinha desde 1999 no Brasil, duas envolvem os tubarões.
“Na campanha Shark Defence atuamos principalmente através de atividades educativas em Fernando de Noronha para ajudar a informar as decisões dos órgãos públicos e empoderar a população em geral com informações sobre esses fascinantes animais.”, explica a bióloga e pesquisadora no IB-USP Bianca Rangel, que é uma das cientistas voluntárias da ONG.
Capacitação de guias para observação de tubarões na ilha.
Bianca Rangel
De acordo com a pesquisadora, uma das atividades dentro dessa campanha é capacitar os guias locais de Noronha para a observação de tubarões, de forma a tornar a atividade mais segura e viável para a coexistência do turismo e desses animais.
A Sea Shepherd Brasil propõe ainda um estudo científico para monitorar a distribuição e abundância de tubarões no arquipélago e sugere aumentar a extensão da área protegida. A pesquisa está sendo planejada junto a especialistas e ao ICMBio Noronha.
Estudo científico monitora a distribuição e abundância de tubarões em Fernando de Noronha
Fábio Borges
“Além disso, a equipe do Sea Shepherd Brasil realizou uma pesquisa social que constatou que 87% dos brasileiros aprovam possível título de santuário de tubarões para Fernando de Noronha, o que também contribuiria para a proteção das espécies”, acrescenta.
Já a segunda campanha foca em uma espécie que não causa acidentes, mas que é consumida na mesa dos brasileiros. “A campanha é a ‘Cação é Tubarão’, e o objetivo principal é informar o público geral que a carne de cação, amplamente consumida no Brasil , é na verdade carne de tubarão, e que esse mercado tem contribuído para a extinção dos tubarões globalmente”, diz Bianca.
Carne de Cação/Tubarão sendo comercializada em uma peixaria em Suzano-SP
Bianca Rangel
Ela conta ainda que há uma pesquisa científica sendo conduzida pela ONG em parceria com outros pesquisadores que analisa geneticamente amostras de carne de cação para descrição da espécie e também a concentração de contaminantes como metais tóxicos para informar sobre o risco para a saúde humana.
Os outros projetos da ONG envolvem a questão do lixo no mar, das baleias em migração por Borrifos, em Ilha Bela e uma expedição que visa políticas públicas de fiscalização e proteção dos botos da Amazônia.